Ela tinha alguns lugares na cidade que eram só dela. Mas que se tornaram dele também. Agora ela anda em outros cantos, porque os antigos continuaram sendo dele e dela, ainda que por teimosia da memória.
Combinaram, sem assinaturas, carimbos ou firma reconhecida, que a partir daquela hora teriam que procurar um novo refúgio. Era necessário que aprendessem, cada um do seu jeito, a viver sem flores na porta, sem colo no meio da noite, sem carinhos a toda hora ou passeios-surpresa depois do trabalho.
A partir daquele dia, cada um teria o seu próprio edredon, na sua própria cama, do seu próprio quarto.
Compreenderam também, que as manhãs de sábado não teriam mais bisnaguinha com requeijão na cama, comédia-romântica na tv, bagunça pelo quarto, ou hora-da-preguiça.
Acontece que, apesar de tudo estar diferente, ela ainda não tranca a porta, não dorme no meio da cama, não mudou o cd do carro e nem esvaziou a gaveta.
Aos poucos, ele vai levando as coisas dele, vai aprendendo que na agenda do celular existem outros números, e que na cidade há vários lugares novos pra ir.
Ficou combinado, então, que a vida teria que continuar. E ela prometeu, que a partir de hoje, colocaria em suas linhas, histórias sobre outras vidas, já que a dela já não está mais tão interessante, como no tempo em que podia amanhecer sem pressa.
rotina.
30 de julho de 2008
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te olho nos olhos...
29 de julho de 2008
Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente.
(Ana Carolina)
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solidão.
26 de julho de 2008
Acordei dolorida, de tanto me revirar na cama, tentando consertar a alma que se entortou dentro de mim. só por hoje eu não quero mais brincar de me virar do avesso. tô cansada.
Talvez você seja o motivo da minha febre que não passa, do enjôo que me invade o corpo, da minha vertigem, minha boca salivando... e você nem desconfia.
Eu já não me contento com as suas visitas distantes. cansei de ser só sua, enquanto você me dividia com o seu ir e vir desordenado. cansei de ser sua mulher, enquanto você era só o meu dono.
A casa agora é fria. e vazia. e eu tenho um medo inexplicável de não saber viver sem você, apesar de.
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Sequei.
22 de julho de 2008
todas as palavras boas estão pálidas de exaustão. flores. lua. olhos. lábios. eu gostaria de escrever como se a literatura nunca tivesse existido. mas eu não consigo.
(victor shklovsky)
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a grande verdade.
16 de julho de 2008
Embora não o compreenda muitas vezes,
eu e o mundo fomos forçados a sermos um do outro.
...pro resto da vida.
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Hei de amar-te.
14 de julho de 2008
Eu hei de amar-te
de qualquer lugar mundo,
ainda que me tenhas distante.
Eu hei de amar-te,
desde o princípio de tudo,
até o último instante.
Eu hei de amar-te,
no silêncio merecido,
ou na saliva restante.
Hei de amar-te
sempre, e enquanto
em cada verso do meu canto,
houver ainda tanto amor.
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Versinho de Isabella.
5 de julho de 2008
Vem chegando bem quietinha,
deita e fica aqui, juntinha,
segurando a minha mão.
Quero ter você pertinho,
pra te olhar devagarinho
e ouvir teu coração.
Serás sempre minha Bellinha...
tu, que és tão pequenininha,
e este mundo, imensidão.
Durma bem, amada minha...
não estás mais tão sozinha:
-tens agora esta canção!
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Decidi.
1 de julho de 2008
Vou viver de vento.
Percebi que se eu respirar bem fundo, terei ar suficiente pra pegar impulso e ir a qualquer lugar!
Quero respirar ares do mundo todinho! e ir guardando, guardando, até nao caber mais em mim.
Ar com cheiro de mato, com gosto de laranja, ar perfumado, ar brisa-do-mar, ares de outras bocas, de sussurros no ouvido, de suspiros...
Respirar, respirar, respirar... e fuuuuuuuuuuuuuuuuu! É só soprar bem forte, e sair passarinhando pra onde eu quiser! eu sei que uma andorinha só não faz verão... mas já pensou se todas as andorinhas do mundo pensassem assim?
-Cadê a menina?
-Voou, voou, voou...
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