Ela tinha alguns lugares na cidade que eram só dela. Mas que se tornaram dele também. Agora ela anda em outros cantos, porque os antigos continuaram sendo dele e dela, ainda que por teimosia da memória.
Combinaram, sem assinaturas, carimbos ou firma reconhecida, que a partir daquela hora teriam que procurar um novo refúgio. Era necessário que aprendessem, cada um do seu jeito, a viver sem flores na porta, sem colo no meio da noite, sem carinhos a toda hora ou passeios-surpresa depois do trabalho.
A partir daquele dia, cada um teria o seu próprio edredon, na sua própria cama, do seu próprio quarto.
Compreenderam também, que as manhãs de sábado não teriam mais bisnaguinha com requeijão na cama, comédia-romântica na tv, bagunça pelo quarto, ou hora-da-preguiça.
Acontece que, apesar de tudo estar diferente, ela ainda não tranca a porta, não dorme no meio da cama, não mudou o cd do carro e nem esvaziou a gaveta.
Aos poucos, ele vai levando as coisas dele, vai aprendendo que na agenda do celular existem outros números, e que na cidade há vários lugares novos pra ir.
Ficou combinado, então, que a vida teria que continuar. E ela prometeu, que a partir de hoje, colocaria em suas linhas, histórias sobre outras vidas, já que a dela já não está mais tão interessante, como no tempo em que podia amanhecer sem pressa.
rotina.
30 de julho de 2008
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